O BlogBESSS...
Bem-Vindos!
Blog ou Blogue, na grafia portuguesa, é uma abreviatura de Weblog. Estes sítios permitem a publicação e a constante atualização de artigos ou "posts", que são, em geral, organizados através de etiquetas (temas) e de forma cronológica inversa.
A possibilidade de os leitores e autores deixarem comentários, de forma sequencial e interativa, corresponde à natureza essencial dos blogues e por isso, o elemento central do presente projeto da Biblioteca Escolar (BE).
O BlogBESSS é um espaço virtual de informação e de partilha de leituras e ideias. Aberto à comunidade educativa da ESSS e a todos os que pretendam contribuir para a concretização dos objetivos da BE:
1. Promover a leitura e as literacias;
2. Apoiar o desenvolvimento curricular;
3. Valorizar a BE como elemento integrante do Projeto Educativo;
4. Abrir a BE à comunidade local.
De acordo com a sua natureza e integrando os referidos objetivos, o BlogBESSS corresponde a uma proposta de aprendizagem colaborativa e de construção coletiva do Conhecimento, incentivando ao mesmo tempo a utilização/fruição dos recursos existentes na BE.
Colabore nos Projetos "Autor do Mês..." (Para saber como colaborar deverá ler a mensagem de 20 de fevereiro de 2009) e "Leituras Soltas..." (Leia a mensagem de 10 de abril de 2009).
Não se esqueça, ainda, de ler as regras de utilização do BlogBESSS e as indicações de "Como Comentar.." nas mensagens de 10 de fevereiro de 2009.
A Biblioteca Escolar da ESSS
PS - Uma leitura interessante sobre a convergência entre as Bibliotecas e os Blogues é o texto de Moreno Albuquerque de Barros - Blogs e Bibliotecários.
terça-feira, 31 de outubro de 2017
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
Texto Argumentativo...
Autor: André Silva, 11º A
Prof. João Morais
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
Alberto Caeiro... Ficha e Cenário de Resposta!
FICHA DE PORTUGUÊS (12º ano B, 2017/18) Prof. João Morais -----------------------------------------------------------------------------------
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Faz uma análise do texto transcrito, atendendo aos seguintes tópicos:
- significado de «rebanhos», tendo em conta a associação com o nome do livro de que o poema foi extraído;
- identificação eu-pastor enquanto ponto de partida para uma identificação mais vasta com a natureza;
- desejo de abolição da consciência;
- vida comandada pelo primado das sensações;
- significado da saudação aos leitores;
- campos lexicais dominantes;
- conceito de poeta;
- simplicidade lexical e sintática;
- a enumeração, a comparação e a personificação;
- estrofe, métrica, rima.
Autora: Margarida Costa – 12º B
Prof. João Morais
O poema “Eu nunca guardei rebanhos” é o primeiro de quarenta e nove poemas que constituem livro O Guardador de Rebanhos, do heterónimo Alberto Caeiro de Fernando Pessoa. A palavra “rebanhos” surge tanto neste poema como no título do livro de Caeiro e é uma forma de o sujeito poético sentir muita coisa ao mesmo tempo. De certa forma, esta palavra serve como a multiplicação dos sentidos do eu poético na proporção dos objetos sobre os quais incidem os sentidos do sujeito lírico.
Neste poema o sujeito poético considera-se um pastor por metáfora (“Eu nunca guardei rebanhos, / Mas é como se os guardasse.” - vv. 1-2), reduzindo os seus pensamentos àquilo que é concreto, àquilo que é apenas apreendido pelos sentidos, na ideia de primado das sensações sobre as quais assenta a teoria poética de Caeiro (“Minha alma é como um pastor, / Conhece o vento e o sol / E anda pela mão das Estações / A seguir e a olhar” -vv. 3-6). De pastor o sujeito poético tem o deambulismo, ato de andar sem destino, absorvido pelo espetáculo da variedade das coisas, deixando-se guiar pelas sensações e instintos (“A seguir e a olhar.” - v. 1). O eu poético também manifesta intimidade com a natureza (“E anda pela mão das Estações” - v. 5), havendo grande comunhão entre ambos, pelo facto de o poeta se considerar pastor, o que se compagina com a ingenuidade e a simplicidade que representa no poema (“Toda a paz da Natureza sem gente / Vem sentar-se a meu lado.” - vv.7-8).
Nas estrofes 3 e 4 o sujeito poético defende que a abolição da consciência e a recusa do ato de pensar são a via para alcançar a paz e a felicidade. O poeta afirma sentir tristeza por “saber” que os seus sentimentos são “contentes”, pois sabê-lo implica desde logo conhecimento que é trazido através do ato de pensar (“Os meus pensamentos são contentes. / Só tenho pena de saber que eles são contentes” - vv.21-22), mas, se não tivesse conhecimento dos seus sentimentos, estes não seriam “contentes” e “tristes” (a tristeza advém-lhe da consciência de saber) mas sim “alegres” e “contentes” (“Porque, se o não soubesse, / Em vez de serem contentes e tristes, /Seriam alegres e contentes.” - vv.23-25). Para o sujeito poético, ser feliz e contente é ser guiado pelas sensações do momento e pensar provoca tristeza, desconforto, pressupõe mal-estar, acabando até por compará-lo com a situação de andar à chuva e ao vento (“Pensar incomoda como andar à chuva / Quando o vento cresce e parece que chove mais.” - vv.26-27).
Como os pensamentos do sujeito poético se reduzem ao concreto, apreendido pelos sentidos, o poeta é por isso sensacionista e a sua vida é comandada pelas sensações, pois é através delas que ele vive em equilíbrio com a natureza, aceitando a ordem natural das coisas, e que reduz o abstrato ao concreto. O poeta recorre a uma hipálage com traços de personificação, uma vez que atribui a uma parte de si (“sossego”) uma característica dele próprio (“justa”) e da natureza (“natural”) para caracterizar a sua relação com a natureza (“Mas a minha tristeza é sossego / Porque é natural e justa” - vv.14-15), sendo o “sossego” tomado como um estado da natureza. O poeta deseja ser um “cordeirinho” ou até mesmo todo o “rebanho” para poder estar em maior contacto com toda a natureza, a sentir, a tocar, a ouvir, a olhar (“E se desejo às vezes, / Por imaginar, ser cordeirinho / (Ou ser o rebanho todo / Para andar espalhado por toda a encosta / A ser muita coisa feliz ao mesmo tempo), / só porque sinto o que escrevo ao pôr do Sol / Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz / E corre um silêncio pela erva fora.” - vv.31-38)
Na oitava estrofe o poeta saúda os leitores de forma a propor-lhes uma atitude de simplicidade, algo que é apenas apreendido pelos sentidos, sem leituras filosóficas exageradas, proporcionando-lhes assim uma leitura que se configura com o sossego da fricção espontânea das sensações. Chega mesmo a “tirar-lhes o chapéu”, gesto de simplicidade de um campesino, sinal de respeito para com os leitores e também ato automático de quem age sem ser comandado pelo pensamento (“Saúdo todos os que me lerem, / Tirando-lhes o chapéu largo”, vv.49-50) (“Saúdo-os e desejo-lhes sol / E chuva, quando a chuva é precisa,” - vv.53-54).
O sujeito poético tem a noção de que é poeta, mas para ele ser poeta nunca foi um objetivo, um plano prévio, uma ambição (“Ser poeta não é uma ambição minha”, vv.29), o que se relaciona também com o paganismo, ou seja, ele descrê de tudo o que são ideias instituídas, visto que não consegue articular-se com a realidade social (constante em Fernando Pessoa, tanto nos heterónimos com no ortónimo). Outras características do sujeito poético como poeta estão presentes da sétima estrofe através de uma enumeração de ações: são a forma como escreve, a forma como sente e a forma como se vê a ele próprio (“Escrevo versos num papel que está no meu pensamento, / Sinto um cajado nas mãos / E vejo um recorte de mim” - vv.41-43).
Passando a uma análise formal do poema, podemos verificar a ausência de isomorfismo e de isometrismo. O poeta recorre ao verso solto, não existindo rimas, o que confere mais simplicidade e naturalidade ao poema. Tem um estilo coloquial, pois o léxico e a sintaxe utilizados são de caráter simples e espontâneo, sem grandes elaborações frásicas e sintáticas, assentando o seu domínio em dois grandes campos lexicais dominantes: a Natureza e Sentidos, valores máximos do conceito da poesia de Caeiro.
Concluindo, este poema advoga uma síntese de calma e de movimento deambulatório do sujeito lírico num presente que se atualiza a cada momento e objetiva o desacordo entre o que se pensa e a vida que acontece. Caeiro privilegia as sensações, conferindo uma especial importância ao ato de ver, sendo um poeta sensacionista e bucólico, e exalta a vida no campo, a simplicidade e a ingenuidade dos costumes, a tranquilidade e a riqueza do contacto com a natureza, e os hábitos peculiares dos pastores. Como poeta da simplicidade e da clareza total, Alberto Caeiro sente-se feliz, pois (sempre) consegue realizar-se, vendo claramente.