Autoria: Prof.ª Maria Teresa Carvalho
O BlogBESSS...
Bem-Vindos!
Blog ou Blogue, na grafia portuguesa, é uma abreviatura de Weblog. Estes sítios permitem a publicação e a constante atualização de artigos ou "posts", que são, em geral, organizados através de etiquetas (temas) e de forma cronológica inversa.
A possibilidade de os leitores e autores deixarem comentários, de forma sequencial e interativa, corresponde à natureza essencial dos blogues e por isso, o elemento central do presente projeto da Biblioteca Escolar (BE).
O BlogBESSS é um espaço virtual de informação e de partilha de leituras e ideias. Aberto à comunidade educativa da ESSS e a todos os que pretendam contribuir para a concretização dos objetivos da BE:
1. Promover a leitura e as literacias;
2. Apoiar o desenvolvimento curricular;
3. Valorizar a BE como elemento integrante do Projeto Educativo;
4. Abrir a BE à comunidade local.
De acordo com a sua natureza e integrando os referidos objetivos, o BlogBESSS corresponde a uma proposta de aprendizagem colaborativa e de construção coletiva do Conhecimento, incentivando ao mesmo tempo a utilização/fruição dos recursos existentes na BE.
Colabore nos Projetos "Autor do Mês..." (Para saber como colaborar deverá ler a mensagem de 20 de fevereiro de 2009) e "Leituras Soltas..." (Leia a mensagem de 10 de abril de 2009).
Não se esqueça, ainda, de ler as regras de utilização do BlogBESSS e as indicações de "Como Comentar.." nas mensagens de 10 de fevereiro de 2009.
A Biblioteca Escolar da ESSS
PS - Uma leitura interessante sobre a convergência entre as Bibliotecas e os Blogues é o texto de Moreno Albuquerque de Barros - Blogs e Bibliotecários.
sábado, 25 de junho de 2022
quinta-feira, 9 de junho de 2022
Literatura de combate em Cesário Verde
A obra literária de Cesário Verde tem uma
forte vertente de combate através da denúncia dos vícios, comportamentos e
mentalidades característicos do terceiro
quartel do século dezanove — o “Reinado da Burguesia”, projeto
nacionalista de emburguesamento e urbanismos possíveis — para posterior
correção com uma intenção morigeradora.
À luz
de perspetivas filosóficas como o Realismo — observação e análise do real para
posterior crítico (“luneta de uma lente só”) —, Cesário prontamente
apresenta-nos o propósito da sua poesia — a sua arte poética: “e eu que medito
um livro que exacerbe, quisera que o real e a análise mo dessem.”.
A par do Realismo, recorrendo
a perspetivas estéticas como o Impressionismo — recriação da realidade através
da captação de impressões e valorização de estímulos visuais (cores, linhas,
formas, luz…) —, o poeta, destacando o papel da imaginação na transfiguração da
realidade (“Que visão de artista!”), profere as críticas mais contundentes
ao ambiente citadino que o rodeia, díspar e insalubre resultado da
industrialização tardia da cidade de Lisboa.
Destas
críticas podemos destacar a cidade como espaço de clausura (“neblina”, “gaiolas”,
“muram-me”, “emparedados”), na qual o sujeito poético se sente
aprisionado, destacando o desejo de evasão (“Levando à via-férrea os que se
vão. Felizes.”), e satisfeito nem que seja no plano da imaginação (“Assim
que pela história eu me aventuro e alargo.”).
É também dada uma grande importância à
insalubridade aos níveis humano, vegetal (“sem árvores”) e animal (“amareladamente
os cães parecem lobos”), sendo destacada a doença física (“moles
hospitais”, “cólera” e “febre”), moral (“impuras” — decadência moral e espiritual — “lançam
a nódoa negra e fúnebre do clero”) e psicológica (“as freiras que os
jejuns matavam de histerismo”).
Através
da representação imaginativa do real é criticada a exploração das classes sociais
mais baixas, tratadas com desprezo e comparadas a animais. Critica-se,
portanto, a desumanização do trabalho na cidade (“cobre ignóbil e oxidado”
e “calceteiros curvados”), sendo denunciadas as condições degradantes em
que os elementos do povo viviam: “apinham-se num bairro ondem miam gatas, e
o peixe podre gera focos de infeção.”.
É posto em confronto o materialismo, no consumismo elevado ao nível do sagrado (“ver círios laterais,
ver filas de capelas com santos e fiéis, andores, ramos, velas”), e a
futilidade da burguesia, que vive no luxo e cultiva os valores materiais (“grande
cobra a lúbrica pessoa”), com o desprezo dos valores intelectuais como os
que são representados pelo “professor de Latim”, que vive na miséria, o que
revela o desprezo pela cultura, pelo
conhecimento e pela má distribuição da
riqueza (“Ilumina-se um palácio em face de um casebre.”).
Por fim, é salientada a injustiça social (“O
aljube em que estão velhinhas e crianças, bem raramente encerra uma mulher de
dom.”) face ao labor permanente do povo nas piores condições possíveis — trabalho
árduo e mal remunerado (“Ela apregoa, magra, enfezadita/ as suas couves
repolhudas largas.”). Esta situação está fortemente presente in “O
sentimento dum Ocidental”, cujos trabalhadores ao final da tarde regressam a
casa (“Voltam os calafates, aos magotes,”) ou, in “Num Bairro Moderno”,
caracterizado pela azáfama da vendedeira e dos trabalhadores, que contrasta,
respetivamente, com o ócio das classes dominantes (“enfadam as lojistas”,
“hotéis da moda”, “casas de confeções e modas” ) e a vida fácil dos habitantes
do Bairro Moderno que às 10h da manhã ainda estão a acordar (“Abriram-se,
nalguns, as persianas,”).
Em conclusão, na poética de Cesário a cidade é muitas vezes criticada e
apresentada como um lugar de doença, opressão, sofrimento e injustiça (“Triste
cidade!”), associado, portanto, ao
desejo de evasão da cidade o campo surge frequentemente como lugar alternativo
de reabilitação onde reinam a liberdade, a saúde e a harmonia (“As suas
couves repolhudas, largas.”).
Prof.: João Morais
Aluna: Maria do Carmo Costa, 11º D, nº 18.