Prof. João Morais , 28 de janeiro de 2013
TESTE FORMATIVO DE PORTUGUÊS
(Versão A)
I
Lê atentamente o seguinte excerto
correspondente às cenas IX, X, XI e XII do ato I do Frei Luís de Sousa:
Cena IX
Manuel
de Sousa, Madalena; Telmo e outros criados, entrando apressadamente.
Telmo – Senhor, desembarcaram
agora grande comitiva de fidalgos, escudeiros e soldados que vêm de Lisboa e
sobem a encosta para a vila. O arcebispo não é decerto, que já está há muito no
convento; diz-se por aí…
Manuel –
Que são
os governadores? (Telmo faz um sinal afirmativo.) Quiseram-me enganar, e
apressam-se a vir hoje… parece que adivinharam… Mas não me colheram
desapercebido. (Chama à porta da esquerda.) Jorge, Maria! (Volta para
a cena.) Madalena, já, já, sem mais demora.
Cena X
Manuel
de Sousa, Madalena; Telmo Miranda e outros criados; Jorge e Maria, entrando.
Manuel – Jorge, acompanha estas
damas. Telmo, ide, ide com elas. – (para os outros criados) Partiu já
tudo, as arcas, os meus cavalos, armas e tudo o mais?
Miranda
– Quase
tudo foi já; o pouco está pronto e sairá num instante… pela porta de trás, se
quereis.
Manuel –
Bom; que
saia. (A um sinal de Miranda saem dois criados.) Madalena, Maria: não
vos quero ver aqui mais. Já, ide; serei convosco em pouco tempo.
Cena XI
Manuel
de Sousa, Miranda e outros criados.
Manuel – Meu pai morreu
desastrosamente caindo sobre a sua própria espada. Quem sabe se eu morrerei nas
chamas ateadas por minhas mãos? Seja. Mas fique-se aprendendo em Portugal como
um homem de honra e coração, por mais poderosa que seja a tirania, sempre lhe pode
resistir, em perdendo o amor a coisas tão vis e precárias como são estes
haveres que duas faíscas destroem num momento… como é esta vida miserável que
um sopro pode apagar em menos tempo ainda! (Arrebata duas tochas das mãos
dos criados, corre à porta da esquerda, atira com uma para dentro; e vê-se
atear logo uma labareda imensa. Vai ao fundo, atira a outra tocha; e sucede o
mesmo. Ouve-se alarido de fora.)
Cena XII
Manuel
de Sousa e criados; Madalena, Maria, Jorge e Telmo, acudindo.
Madalena
– Que
fazes?... que fizeste? – Que é isto, oh meu Deus!
Manuel
(tranquilamente) – Ilumino a minha casa para receber os muito poderosos e excelentes
senhores governadores destes reinos. Suas Excelências podem vir, quando
quiserem.
Madalena
– Meu
Deus, meu Deus!… Ai, o retrato de meu marido!... Salvem-me aquele retrato!
(Miranda
e outro criado vão para tirar o painel; uma coluna do fogo salta nas tapeçarias
e os afugenta.)
Manuel – Parti, parti! As matérias inflamáveis
que eu tinha disposto vão-se ateando com espantosa velocidade. Fugi!
Madalena
(cingindo-se ao braço do marido) – Sim, sim, fujamos.
Maria
(tomando-o do outro braço) – Meu pai, nós não fugimos sem vós.
Todos – Fujamos! Fujamos!
(Redobram
os gritos de fora, ouve-se rebate de sinos; cai o pano.)
Documentando as tuas afirmações com passagens do
texto e construindo frases bem estruturadas, responde ao seguinte questionário:
1.
Localiza a
passagem transcrita na estrutura externa e na estrutura interna da peça.
2.
«Ilumino
a minha casa para receber os muito poderosos e excelentes governadores destes
reinos. Suas excelências podem vir quando quiserem.»
Tendo em conta o seu efeito expressivo,
analisa a figura de estilo que, ao nível semântico, se realiza nesta passagem.
3.
Analisa, do
ponto de vista da coerência do trágico, a função do incêndio da iniciativa de
Manuel de Sousa Coutinho.
4.
Identificando
a época literária na qual se inscreve a peça, apresenta três traços que
distinguem essa época.
II
Divide e,
justificando as tuas afirmações, classifica as orações dos seguintes períodos:
Divide e, justificando as
tuas afirmações, classifica as orações dos seguintes períodos:
1.
Quem mais
critica é conivente, por vezes, com a mediocridade.
2.
O Zé veio de
Paris; a Ana, de Berlim.
3.
O Zé não só
não tem seis anos como também não tem muita mobilidade.
4.
As hipóteses
que desprezaste não são menos importantes.
5.
Encarrega-te
de tomar conta das crianças.
III
«A arte do diálogo, um dos maiores dons de Garrett, do diálogo
aparentemente volúvel, caprichoso, entrecortado de jogo de escondidas, feito às
vezes de palavras soltas, monossílabos, exclamações, silêncios, mas todo
carregado de sentido, de subentendidos, de reservas, […] deu nesta peça todo
o seu rendimento.»
António José Saraiva
& Óscar Lopes, História da Literatura Portuguesa, 15ª ed. Porto
Editora, 1989; p. 753.
Num texto expositivo argumentativo de 250
palavras, analisa a linguagem do Frei Luís de Sousa.
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