I
Lê atentamente o seguinte excerto
correspondente às cenas IX, X, XI e XII do ato I do Frei Luís de Sousa:
Cena IX
Manuel de Sousa, Madalena; Telmo e outros criados, entrando apressadamente.
Telmo – Senhor, desembarcaram agora grande comitiva de fidalgos, escudeiros e
soldados que vêm de Lisboa e sobem a encosta para a vila. O arcebispo não é
decerto, que já está há muito no convento; diz-se por aí…
Manuel – Que são os governadores? (Telmo faz um sinal afirmativo.) Quiseram-me
enganar, e apressam-se a vir hoje… parece que adivinharam… Mas não me colheram
desapercebido. (Chama à porta da esquerda.) Jorge, Maria! (Volta para
a cena.) Madalena, já, já, sem mais demora.
Cena X
Manuel de Sousa, Madalena; Telmo Miranda e outros criados; Jorge e
Maria, entrando.
Manuel – Jorge, acompanha estas damas. Telmo, ide, ide com elas. – (para
os outros criados) Partiu já tudo, as arcas, os meus cavalos, armas e tudo
o mais?
Miranda – Quase tudo foi já; o pouco está pronto e sairá num instante… pela
porta de trás, se quereis.
Manuel – Bom; que saia. (A um sinal de Miranda saem dois criados.)
Madalena, Maria: não vos quero ver aqui mais. Já, ide; serei convosco em pouco
tempo.
Cena XI
Manuel de Sousa, Miranda e outros criados.
Manuel – Meu pai morreu desastrosamente caindo sobre a sua própria espada.
Quem sabe se eu morrerei nas chamas ateadas por minhas mãos? Seja. Mas fique-se
aprendendo em Portugal como um homem de honra e coração, por mais poderosa que
seja a tirania, sempre lhe pode resistir, em perdendo o amor a coisas tão vis e
precárias como são estes haveres que duas faíscas destroem num momento… como é
esta vida miserável que um sopro pode apagar em menos tempo ainda! (Arrebata
duas tochas das mãos dos criados, corre à porta da esquerda, atira com uma para
dentro; e vê-se atear logo uma labareda imensa. Vai ao fundo, atira a outra
tocha; e sucede o mesmo. Ouve-se alarido de fora.)
Cena XII
Manuel de Sousa e criados; Madalena, Maria, Jorge e Telmo, acudindo.
Madalena – Que fazes?... que fizeste? – Que é isto, oh meu Deus!
Manuel (tranquilamente) – Ilumino a minha casa para receber os muito
poderosos e excelentes senhores governadores destes reinos. Suas Excelências
podem vir, quando quiserem.
Madalena – Meu Deus, meu Deus!… Ai, o retrato de meu marido!... Salvem-me aquele
retrato!
(Miranda e outro criado vão para tirar o painel; uma coluna do fogo
salta nas tapeçarias e os afugenta.)
Manuel – Parti,
parti! As
matérias inflamáveis que eu tinha disposto vão-se ateando com espantosa
velocidade. Fugi!
Madalena (cingindo-se ao braço do marido) – Sim, sim, fujamos.
Maria (tomando-o do outro braço) – Meu pai, nós não fugimos sem vós.
Todos – Fujamos! Fujamos!
(Redobram os gritos de fora, ouve-se rebate de sinos; cai o pano.)
Documentando as tuas afirmações com passagens do
texto e construindo frases bem estruturadas, responde ao seguinte questionário:
1.
Localiza a
passagem transcrita na estrutura externa e na estrutura interna da peça.
2. «Ilumino
a minha casa para receber os muito poderosos e excelentes governadores destes
reinos. Suas excelências podem vir quando quiserem.»
Tendo em conta o seu efeito expressivo,
analisa a figura de estilo que, ao nível semântico, se realiza nesta passagem.
3. Analisa, do
ponto de vista da coerência do trágico, a função do incêndio da iniciativa de
Manuel de Sousa Coutinho.
4.
Identificando
a época literária na qual se inscreve a peça, apresenta três traços que
distinguem essa época.
II
Divide e,
justificando as tuas afirmações, classifica as orações dos seguintes períodos:
Divide e, justificando as
tuas afirmações, classifica as orações dos seguintes períodos:
1. O Zé nasceu
em 15 de agosto de 1996 e entrou na escola aos seis anos.
2.
Desprezaste
hipóteses que não são menos importantes.
3. Quem mais
critica pactua, por vezes, com a mediocridade.
4. O Zé foi
para Paris; a Ana, para Berlim.
5. A tarefa de
tomar conta das crianças é gratificante.
III
«A arte do diálogo, um dos maiores dons de Garrett, do diálogo
aparentemente volúvel, caprichoso, entrecortado de jogo de escondidas, feito às
vezes de palavras soltas, monossílabos, exclamações, silêncios, mas todo
carregado de sentido, de subentendidos, de reservas, […] deu nesta peça todo
o seu rendimento.»
António José Saraiva
& Óscar Lopes, História da Literatura Portuguesa, 15ª ed. Porto
Editora, 1989; p. 753.
Num texto expositivo argumentativo de 250
palavras, analisa a linguagem do Frei Luís de Sousa.
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