Prof. João Morais , 29 de janeiro de 2013
TESTE FORMATIVO DE PORTUGUÊS
I
Lê atentamente o seguinte excerto
correspondente à cena VIII do ato I do Frei Luís de Sousa:
Manuel (passeia agitado de
um lado para outro da cena, com as mãos cruzadas detrás das costas; e parando
de repente) – Há de saber-se no mundo que ainda há um português em
Portugal.
Madalena – Que tens tu, dize,
que tens tu?
Manuel – Tenho que não hei de
sofrer esta afronta… e que é preciso sair desta casa, senhora.
Madalena – Pois sairemos, sim:
eu nunca me opus ao teu querer, nunca soube que coisa era ter outra vontade
diferente da tua; estou pronta a obedecer-te sempre, cegamente, em tudo. Mas,
oh! esposo da minha alma… para aquela casa não, não me leves para aquela casa (Deitando-lhe
os braços ao pescoço).
Manuel – Ora tu não eras
costumada a ter caprichos! Não temos outra para onde ir; e a estas horas, neste
aperto… Mudaremos depois, se quiseres… mas não lhe vejo remédio agora. – E a
casa que tem? Porque foi de teu primeiro marido? É por mim que tens essa
repugnância? Eu estimei e respeitei sempre a D. João de Portugal; honro a sua
memória, por ti, por ele e por mim; e não tenho na consciência por que receie
abrigar-me debaixo dos mesmos tetos que o cobriram. – Viveste ali com ele? Eu
não tenho ciúmes de um passado que me não pertencia. E o presente, esse é meu,
meu só, todo meu, querida Madalena… Não falemos mais nisso; é preciso partir, e
já.
Madalena – Mas é que tu não
sabes… eu não sou melindrosa nem de invenções: em tudo o mais sou mulher, e
muito mulher, querido; nisso não… mas tu não sabes a violência, o
constrangimento de alma, o terror com que eu penso em ter de entrar naquela
casa. Parece-me que é voltar ao poder dele, que é tirar-me dos teus braços, que
o vou encontrar ali… – Oh, perdoa, perdoa-me, não me sai esta ideia da
cabeça… – que vou achar ali a sombra
despeitosa de João, que me está ameaçando com uma espada de dois gumes… que a
atravessa no meio de nós, entre mim e ti e a nossa filha, que nos vai separar
para sempre… – Que queres?... bem sei
que é loucura; mas a ideia de tornar a morar ali, de viver ali contigo e com
Maria, não posso com ela. Sei decerto que vou ser infeliz, que vou morrer
naquela casa funesta, que não estou ali três dias, três horas, sem que todas as
calamidades do mundo venham sobre nós. Meu esposo, Manuel, marido da minha
alma, pelo nosso amor to peço, pela nossa filha… vamos seja para onde for, para
a cabana de algum pobre pescador desses contornos, mas para ali não, oh! Não.
Manuel – Em verdade nunca te
vi assim; nunca pensei que tivesses a fraqueza de acreditar em agouros. Não há
senão um temor justo, Madalena, é o temor de Deus; não há espetros que nos
possam aparecer senão os das más ações que fazemos. Que tens tu na consciência
que tos faça temer? O teu coração e as tuas mãos estão puras; para os que andam
diante de Deus, a terra não tem sustos, nem o Inferno pavores que se lhes
atrevam. Rezaremos por alma de D. João de Portugal nessa devota capela que é
parte da sua casa; e não hajas medo que vos venha perseguir neste mundo aquela
santa alma que está no Céu, e que em tão santa batalha, pelejando por seu Deus
e por seu rei, acabou mártir às mãos dos infiéis. Vamos, D. Madalena de
Vilhena, lembrai-vos de quem sois e de quem vindes, senhora… e não me tires,
querida mulher, com vãs quimeras de crianças, a tranquilidade do espírito e a
força do coração, que as preciso inteiras nesta hora.
Madalena – Pois que vais tu
fazer?
Manuel – Vou, já te disse,
vou dar uma lição aos nossos tiranos que lhes há de lembrar, vou dar um exemplo
a este povo que o há de alumiar…
Documentando as tuas afirmações com passagens do
texto e construindo frases bem estruturadas, responde ao seguinte questionário:
1.
Localiza a
passagem transcrita na estrutura externa e na estrutura interna da peça.
2. Transcreve
quatro argumentos de Manuel de Sousa Coutinho para convencer Madalena da
necessidade de se mudarem para a casa que foi de D. João. Justifica a tua
escolha.
3.
Caracteriza
psicologicamente as duas personagens em cena.
4. Identificando
a época literária na qual se inscreve a peça, apresenta três traços que
distinguem essa época.
II
Divide e, justificando as
tuas afirmações, classifica as orações dos seguintes períodos:
Divide e, justificando as tuas afirmações,
classifica as orações dos seguintes períodos:
1.
O Zé exortou
os presentes para se implicarem mais nos problemas sociais.
2.
Evocaste
problemas que teremos de resolver.
3.
Quem mais
adivinha mais erra.
4.
O Zé partiu
para Roma; a Ana, para Barcelona.
5.
A tarefa de
olhar pelas crianças é gratificante.
III
«A arte do diálogo, um
dos maiores dons de Garrett, do diálogo aparentemente volúvel, caprichoso,
entrecortado de jogo de escondidas, feito às vezes de palavras soltas,
monossílabos, exclamações, silêncios, mas todo carregado de sentido, de
subentendidos, de reservas,[…] deu nesta peça todo o seu rendimento.»
António José
Saraiva & Óscar Lopes, História da Literatura Portuguesa, 15ª ed.
Porto Editora, 1989; p. 753.
Num texto expositivo
argumentativo de 250 palavras, analisa a linguagem do Frei Luís de Sousa.
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