O BlogBESSS...

Bem-Vindos!


Blog ou Blogue, na grafia portuguesa, é uma abreviatura de Weblog. Estes sítios permitem a publicação e a constante atualização de artigos ou "posts", que são, em geral, organizados através de etiquetas (temas) e de forma cronológica inversa.


A possibilidade de os leitores e autores deixarem comentários, de forma sequencial e interativa, corresponde à natureza essencial dos blogues
e por isso, o elemento central do presente projeto da Biblioteca Escolar (BE).


O BlogBESSS é um espaço virtual de informação e de partilha de leituras e ideias. Aberto à comunidade educativa da ESSS e a todos os que pretendam contribuir para a concretização dos objetivos da BE:

1. Promover a leitura e as literacias;

2. Apoiar o desenvolvimento curricular;

3. Valorizar a BE como elemento integrante do Projeto Educativo;

4. Abrir a BE à comunidade local.


De acordo com a sua natureza e integrando os referidos objetivos, o BlogBESSS corresponde a uma proposta de aprendizagem colaborativa e de construção coletiva do Conhecimento, incentivando ao mesmo tempo a utilização/fruição dos recursos existentes na BE.


Colabore nos Projetos "Autor do Mês..." (Para saber como colaborar deverá ler a mensagem de 20 de fevereiro de 2009) e "Leituras Soltas..."
(Leia a mensagem de 10 de abril de 2009).


Não se esqueça, ainda, de ler as regras de utilização do
BlogBESSS e as indicações de "Como Comentar.." nas mensagens de 10 de fevereiro de 2009.


A Biblioteca Escolar da ESSS

PS - Uma leitura interessante sobre a convergência entre as Bibliotecas e os Blogues é o texto de Moreno Albuquerque de Barros - Blogs e Bibliotecários.


domingo, 11 de junho de 2017

Romance Amoroso nas Cantigas de Amigo


Da poesia trovadoresca fazem parte as cantigas de amigo, que tratam o tema do amor não correspondido e são cantadas por uma donzela, vulnerável, de origem popular, que se encontra em sofrimento devido aos incidentes da sua relação amorosa com o seu amigo, lamentando assim a sua ausência ou indiferença. Neste tipo de cantiga o sujeito poético é, tal como referido, uma donzela. Porém, o poeta, por trás, é um trovador, que finge ser a mulher a expor as suas próprias penas.
Dependendo das cantigas em questão, é possível constatar a presença («Digades, filha, mha filha velida», de Pero Meogo) ou a ausência do objeto da cantiga, o amigo («Sedia-m’eu na ermida de Sam Simiom», de Meendinho).
Nas cantigas em que o amigo está de facto presente dá-se, por vezes, um encontro entre este e a donzela. No caso da cantiga «Digades, filha, mha filha velida», de Pero Meogo, a donzela tenta esconder este encontro da mãe. Noutros casos, como na cantiga «Bailemos nós já todas três, ai amigas», de Airas Nunes, a donzela aproveita a situação do calendário religioso em que se encontra para seduzir o seu amigo.
Quando se verifica a ausência do amigo, esta pode dever-se à sua ida para a guerra, ficando a donzela angustiada e infeliz tal como nos é dado a entender nas cantigas «Sedia-m’eu na ermida de Sam Simiom», de Meendinho, e «Ai flores, ai flores do verde pino», de D. Dinis. Nestas duas cantigas a donzela encontra-se em sofrimento devido à falta de notícias pela parte do amigo, que pode estar em perigo de vida. Na segunda a tristeza é ainda aumentada pelo facto de o amigo ter quebrado a promessa de se encontrar com ela.
Por fim, a cantiga «Levad’, amigo, que dormides as manhanas frias», de Nuno Fernandes Torneol, ilustra a evolução do comportamento da donzela no que toca à sua relação amorosa e sexual com o amigo. Numa primeira parte, a cantiga celebra o amor e, na segunda, a donzela acusa o amigo de ser o responsável pela falência da relação amorosa.
Concluindo, nas cantigas de amigo, identificam-se múltiplas facetas do romance amoroso entre os dois protagonistas que dão origem ao tormento de amor. Este tormento está associado à vulnerabilidade da donzela, à ausência e ao risco em que se encontra o amigo, à quebra de uma promessa e à falência do amor na relação dos dois.

Autor: Ana Morgado , 10ºA
Prof. João Morais

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Os Lusíadas: um poema de denúncia

    
   Na obra Os Lusíadas, de Luís de Camões, existem duas vertentes: por um lado, a ideia de exaltação do herói coletivo e dos seus feitos heróicos e, por outro lado, a ideia de desânimo, desalento e denúncia do Poeta face aos seus contemporâneos, que representam a decadência civilizacional do povo português outrora protagonista de grandes feitos.
     Ao longo da Epopeia, o herói é descrito de acordo com o rígido modelo de heroísmo estabelecido por Camões. Esse herói coletivo, segmento alargado inscrito no povo português, é exaltado pelos seus feitos extraordinários, que o fazem ultrapassar a condição humana e elevar-se ao nível dos deuses.
     Pelo contrário, também se verifica uma vertente de denúncia geralmente no final dos cantos, no plano das reflexões do Poeta, onde Camões faz intervenções nas quais reflete em relação à atuação dos Portugueses seus contemporâneos. Nessas reflexões, o Poeta denuncia, entre outros aspetos, a incultura e o materialismo da civilização portuguesa do mal de Quinhentos. Estas mesmas denúncias tomam lugar nos finais dos cantos I,V, VIII, IX e X.
Assim, no final do canto I, Camões reflete acerca da falsidade (“Que os pensamentos eram de inimigos.”) e da incerteza que marca a vida do Homem, provocada pela fragilidade da condição humana (“Que não se arme e indigne o céu sereno / Contra um bicho da terra tão pequeno”), acabando por mostrar a coragem e a persistência do herói épico face aos obstáculos que encontra.
     No final do canto V, o Poeta censura o desprezo dos Portugueses pelas Letras e pelas Artes e conclui que, se esta atitude prevalecer, poderá levar ao desaparecimento do canto épico em Portugal (“Sem vergonha o não digo: que a razão / De algum não ser por versos excelente / É não se ver prezado o verso e rima”. – est. 97), o que impedirá o aparecimento de novos heróis (est. 98, vv. 1-4). Camões destaca ainda o papel didático e cívico do canto, que incentiva as gerações seguintes a procurarem ultrapassar a grandeza dos seus feitos (“Qualquer nobre trabalha que em memória / Vença ou iguale os grandes já passados”- est. 92).
     No canto VIII Camões denuncia a excessiva importância dada ao dinheiro, o qual tem o poder de corromper o ser humano, independentemente da sua classe social (“Quanto no rico, assi como no pobre, / Pode o vil interesse e sede imiga / Do dinheiro, que a tudo nos obriga.”- est. 96) e recorre à mitologia greco-latina para demonstrar os vários efeitos do dinheiro (est. 97), afirmando que este incita à traição, à injustiça, à tirania e à hipocrisia, e corrompe as consciências (est. 98-99).
No final do canto IX, o Poeta explicita o significado da Ilha dos Amores, referindo que esta recompensa representa a imortalidade, que aguarda todos os que ultrapassarem o limite humano, elevando-se à condição de heróis (“Divinos os fizeram sendo humanos”). Além disso, enumera as condições necessárias para que o Homem alcance a glória (est.93,94,95) prometendo que serão mencionados entre os heróis se apresentarem essas condições (“ (…) e numerados / Sereis entre os Heróis esclarecidos / E nesta “Ilha de Vénus” recebidos”).
Por fim, nas estrofes finais do canto X, Camões dirige-se a Calíope para expressar o seu desânimo e cansaço face à indiferença dos seus contemporâneos (“No mais Musa, no mais, que a Lira tenho”.). Refere que a nação está mergulhada na cobiça e na rudeza (“No gosto da cobiça e na rudeza/ Dhua austera e vil tristeza”), mostrando o seu desalento face à decadência moral de Portugal. Dirige-se ainda ao monarca D. Sebastião para que ele continue a guiar os heróis para a glória e grandeza do reino, na companhia de Portugueses com valor (“Senhor só de vassalos excelentes.”).
     Em suma, Camões tem orgulho nos portugueses do passado que realizaram feitos grandiosos ao darem “novos mundos ao mundo”, utilizando, de certa forma, a vertente de denúncia de uma maneira didática, como forma de incentivar os seus contemporâneos a serem igualmente protagonistas de feitos extraordinários, alertando-os para os valores e virtudes que devem cultivar.

Autor: Inês Vidal , 10ºB
Prof. João Morais