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Blog ou Blogue, na grafia portuguesa, é uma abreviatura de Weblog. Estes sítios permitem a publicação e a constante atualização de artigos ou "posts", que são, em geral, organizados através de etiquetas (temas) e de forma cronológica inversa.


A possibilidade de os leitores e autores deixarem comentários, de forma sequencial e interativa, corresponde à natureza essencial dos blogues
e por isso, o elemento central do presente projeto da Biblioteca Escolar (BE).


O BlogBESSS é um espaço virtual de informação e de partilha de leituras e ideias. Aberto à comunidade educativa da ESSS e a todos os que pretendam contribuir para a concretização dos objetivos da BE:

1. Promover a leitura e as literacias;

2. Apoiar o desenvolvimento curricular;

3. Valorizar a BE como elemento integrante do Projeto Educativo;

4. Abrir a BE à comunidade local.


De acordo com a sua natureza e integrando os referidos objetivos, o BlogBESSS corresponde a uma proposta de aprendizagem colaborativa e de construção coletiva do Conhecimento, incentivando ao mesmo tempo a utilização/fruição dos recursos existentes na BE.


Colabore nos Projetos "Autor do Mês..." (Para saber como colaborar deverá ler a mensagem de 20 de fevereiro de 2009) e "Leituras Soltas..."
(Leia a mensagem de 10 de abril de 2009).


Não se esqueça, ainda, de ler as regras de utilização do
BlogBESSS e as indicações de "Como Comentar.." nas mensagens de 10 de fevereiro de 2009.


A Biblioteca Escolar da ESSS

PS - Uma leitura interessante sobre a convergência entre as Bibliotecas e os Blogues é o texto de Moreno Albuquerque de Barros - Blogs e Bibliotecários.


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Os Maias ou a denúncia de um jornalismo sem serviço público

Trabalho realizado pelo aluno  José Pereira, 11º B, 2012/13

Prof. João Morais
              
        Os Maias fazem, ao nível da crónica de costumes, uma acérrima crítica ao jornalismo português do Portugal da Regeneração, realçando o seu sensacionalismo, a sua estrita relação com os partidos políticos e o seu fracasso na prestação de informação edificante. Os episódios d’ “A Corneta do Diabo” e d’ “A Tarde” são ótimos exemplos desta denúncia de Eça de Queirós.
       Por um lado, no episódio d’ “A Corneta do Diabo” é demonstrada a falta de princípios do jornalismo e o fraco conteúdo noticioso dos jornais (“É um jornal de pilhérias, de picuinhas [...]”; “[um] foliculário”). Neste episódio Ega consegue suspender a publicação de um texto difamatório sobre Carlos, subornando Palma Cavalão, o diretor do jornal, ficando aqui clara a corrupção do jornalismo e falta de deontologia dos jornalistas (“[...] o artigo fora-lhe encomendado e pago [...]” ; “[por] cem mil réis”). Palma despreza, assim, a função informativa inerente ao serviço público que qualquer jornal deve perseguir, manifestando um interesse meramente pecuniário.
         Por outro lado, o episódio d’ “A Tarde” mostra-nos a parcialidade do jornalismo, que, muitas vezes, também no terceiro quartel de Oitocentos, é usado para propaganda política. Isto é representado pela inicial recusa dada a Ega por Neves, quando este pensa que o injuriado na carta que Ega quer fazer publicar é um “amigo político”. Quando descobre que, afinal, se trata do Dâmaso Salcede, promove a publicação da carta, já que este os “enganara na última eleição”, mais uma vez deixando clara a interferência da sua orientação política na atividade do seu jornal (“[...] com estas coisas de Ministério, uma carta dessas escrita pelo Guedes... Se é o Salcede, bem, acabou-se!”). O jornalismo surge, assim, como atividade subsidiária do clientelismo político, não havendo, mais uma vez, lugar para o exercício do interesse público, que passa por informar o público com isenção e profissionalismo.
         Ainda no jornal «A Tarde», não se distinguem os profissionais do jornalismo dos caciques da política, que vão alimentando «esperanças de emprego» aos «deputados que a crise arrastara a Lisboa […], àquele jornal do partido […]. Além disso, deparamos também com um profissional da redação do jornal (Melchior), a tentar fazer «uma coisa sobre o livro do Craveiro», mas sem sucesso, já que, na expressão de Ega, «aqui são simples localistas», e segundo o narrador, os jornais abdicaram «[…] de todas as funções elevadas de estudo e de crítica […].
         Há também outras situações de crítica ao jornalismo nomeadamente ao caráter dos jornalistas e ao conteúdo das notícias. Os jornalistas, representados por Palma Cavalão, são descritos como fracos moralmente e sem escrúpulos (“[...] qualquer coisa sebácea e imunda [...]”) como podemos ver na passagem da ida de Carlos a Sintra, quando encontra Palma Cavalão acompanhado de Eusebiozinho e duas prostitutas. Também é ridicularizado o conteúdo dos jornais que apenas se interessam por assuntos da vida privada das figuras mais importantes de Lisboa (High Life) relegando para segundo plano a informação importante sobre o país (“O distinto e brilhante sportman, o Sr. Carlos da Maia, e o nosso amigo e colaborador João da Ega, partiram ontem para Londres [...]”).
         Como vemos, Os Maias são um romance realista e, assim, com um forte pendor de intervenção, e fazem um acérrimo julgamento dos vícios da sociedade portuguesa, incidindo grande parte dessa crítica no jornalismo, numa tentativa de este melhorar numa altura em que o país tanto precisa de uma população informada. A representação de ambientes, tipos sociais e situações naturalmente motivadas conferem verosimilhança, promovendo, assim, a leitura de um público que se pretende mais informado.

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