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Blog ou Blogue, na grafia portuguesa, é uma abreviatura de Weblog. Estes sítios permitem a publicação e a constante atualização de artigos ou "posts", que são, em geral, organizados através de etiquetas (temas) e de forma cronológica inversa.


A possibilidade de os leitores e autores deixarem comentários, de forma sequencial e interativa, corresponde à natureza essencial dos blogues
e por isso, o elemento central do presente projeto da Biblioteca Escolar (BE).


O BlogBESSS é um espaço virtual de informação e de partilha de leituras e ideias. Aberto à comunidade educativa da ESSS e a todos os que pretendam contribuir para a concretização dos objetivos da BE:

1. Promover a leitura e as literacias;

2. Apoiar o desenvolvimento curricular;

3. Valorizar a BE como elemento integrante do Projeto Educativo;

4. Abrir a BE à comunidade local.


De acordo com a sua natureza e integrando os referidos objetivos, o BlogBESSS corresponde a uma proposta de aprendizagem colaborativa e de construção coletiva do Conhecimento, incentivando ao mesmo tempo a utilização/fruição dos recursos existentes na BE.


Colabore nos Projetos "Autor do Mês..." (Para saber como colaborar deverá ler a mensagem de 20 de fevereiro de 2009) e "Leituras Soltas..."
(Leia a mensagem de 10 de abril de 2009).


Não se esqueça, ainda, de ler as regras de utilização do
BlogBESSS e as indicações de "Como Comentar.." nas mensagens de 10 de fevereiro de 2009.


A Biblioteca Escolar da ESSS

PS - Uma leitura interessante sobre a convergência entre as Bibliotecas e os Blogues é o texto de Moreno Albuquerque de Barros - Blogs e Bibliotecários.


sexta-feira, 8 de março de 2019

Cenário de Resposta da Ficha sobre Miguel Torga («SÍSIFO»)


            Na presente composição Miguel Torga reatualiza o mito de Sísifo, com contornos bem pessoais que não se compaginam com a vertente trágica que a antiguidade clássica configurou no mito original.

            Em primeiro lugar, o poema apresenta como tema a insatisfação enquanto condição necessária para a realização humana, ou seja, um programa de vida centrado na vontade da superação humana. Este programa de vida é caracterizado, ao longo do poema, por ser um processo contínuo e metódico marcado pelo inconformismo, pela persistência e pelo esforço incessante na superação das dificuldades (“Sem angústia e sem pressa” / “Enquanto não alcances / Não descanses.”). O sujeito lírico defende, como valores de maior importância, a ambição insaciável e a liberdade (“Sempre a sonhar” / “E, nunca saciado,” / “E os passos que deres” / “Dá-os em liberdade”).

            O título, Sísifo, segundo a mitologia grega, era rei de Corinto, que, após denunciar os atos cruéis de Zeus, foi castigado a permanecer no Hades, eternamente, onde era forçado a realizar a tarefa impossível de carregar indefinidamente uma rocha até ao cume de uma encosta, pois ela acabava sempre por resvalar para o sopé do monte. Sísifo torna-se, assim, um símbolo da persistência e do esforço desmedido. O título transmite, então, a ideia de uma vida de luta pelos objetivos, pela ambição e pela persistência perante as dificuldades o que se verifica ao longo do poema (“Enquanto não alcances / Não descanses.” / “E, nunca saciado,”). No poema observa-se uma reatualização do mesmo mito, pois, por um lado, o sujeito lírico exorta o leitor ao combate, à ação e ao inconformismo com as dificuldades, à semelhança de Sísifo, na concretização dos seus sonhos (“Enquanto não alcances / Não descanses.”) mas, por outro lado, em oposição ao mito de Sísifo, incentiva e valoriza a prática deste comportamento em plena liberdade (“E os passos que deres” / “Dá-os em liberdade”). É essa vontade de superação em completa liberdade e não enquanto peça duma predestinação que Torga propõe ao seu leitor.

        Relativamente à pontuação, é de realçar o valor das reticências que acompanham o primeiro verso. Elas pressupõem a ideia de continuidade inerente ao trabalho de esforço na vida que nunca acaba. O uso do ponto de exclamação no verso “És homem, não te esqueças!” concorre para o calor humano que deve animar o pendor ético do texto, a ser partilhado pelo leitor através dos múltiplos apelos do sujeito poético. Os pontos finais, corroborados pelas vírgulas, estruturam as frases declarativas, que exprimem o ideário do esforço e a ética da coragem e do vigor do homem – expressão de um humanismo a que não é alheio o desespero pela ausência do cumprimento desse esforço por parte de muitos de nós.

          A utilização de formas verbais no imperativo (“Recomeça…”) e no presente do conjuntivo com valor imperativo (“Enquanto não alcances / Não descanses / De nenhum fruto queiras só metade”) concorrem para a componente exortativa do poema. O sujeito lírico tem como objetivo, através do uso destas formas verbais, aconselhar e promover a adesão do leitor ao programa de vida por ele preconizado.

            O recurso a versos curtos e a consoantes sibilantes imprimem ao poema um ritmo lento, intimista – quase como quem sussurra –, o qual se coaduna com o ideal de serenidade que o sujeito lírico defende (“Sem angústia e sem pressa”). O ritmo lento que percorre a composição poética reflete o trabalho calmo, meticuloso e sem pressa que deve caracterizar a ação humana.

            No que se prende com os ecos que a tradição literária nos lega, o poema Sísifo, por um lado, transmite uma ideia oposta à filosofia de Ricardo Reis. Se, por um lado, neste poema há um apelo à persistência (“Recomeça…”) e à insatisfação (“E, nunca saciado”), por outro lado, no caso do heterónimo de Pessoa, encontramos a ideia de passividade e de demissão (“Sossegadamente fitemos o seu curso” in “Vem sentar-te comigo Lídia à beira do rio”). A valorização do sonho e da loucura ao longo do poema, por outro lado, compraz-se com a “loucura” pessoana da Mensagem, na medida em que permite resgatar os homens da mediocridade, permitindo que estes cumpram a sua dimensão humana (D. Sebastião, rei de Portugal). O tema deste poema é também abordado n’ Os Lusíadas, nomeadamente no canto VI. Neste canto, o poeta reflete sobre o verdadeiro valor da glória e as formas de alcançar a mesma: com esforço, perseverança, sofrimento e humildade.

            Em suma, este poema é um “hino à condição humana”, na medida em que valoriza uma ética centrada na liberdade e no sonho, e constitui uma exortação ao espírito de resistência, insubmissão e perseverança do ser humano, simbolizado no esforço incessante de superação do homem.

    Autora: Maria Inês Vidal e João Carrejana, 12º B
    Prof. João Morais

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