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Blog ou Blogue, na grafia portuguesa, é uma abreviatura de Weblog. Estes sítios permitem a publicação e a constante atualização de artigos ou "posts", que são, em geral, organizados através de etiquetas (temas) e de forma cronológica inversa.


A possibilidade de os leitores e autores deixarem comentários, de forma sequencial e interativa, corresponde à natureza essencial dos blogues
e por isso, o elemento central do presente projeto da Biblioteca Escolar (BE).


O BlogBESSS é um espaço virtual de informação e de partilha de leituras e ideias. Aberto à comunidade educativa da ESSS e a todos os que pretendam contribuir para a concretização dos objetivos da BE:

1. Promover a leitura e as literacias;

2. Apoiar o desenvolvimento curricular;

3. Valorizar a BE como elemento integrante do Projeto Educativo;

4. Abrir a BE à comunidade local.


De acordo com a sua natureza e integrando os referidos objetivos, o BlogBESSS corresponde a uma proposta de aprendizagem colaborativa e de construção coletiva do Conhecimento, incentivando ao mesmo tempo a utilização/fruição dos recursos existentes na BE.


Colabore nos Projetos "Autor do Mês..." (Para saber como colaborar deverá ler a mensagem de 20 de fevereiro de 2009) e "Leituras Soltas..."
(Leia a mensagem de 10 de abril de 2009).


Não se esqueça, ainda, de ler as regras de utilização do
BlogBESSS e as indicações de "Como Comentar.." nas mensagens de 10 de fevereiro de 2009.


A Biblioteca Escolar da ESSS

PS - Uma leitura interessante sobre a convergência entre as Bibliotecas e os Blogues é o texto de Moreno Albuquerque de Barros - Blogs e Bibliotecários.


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O PENSAR ENQUANTO ELEMENTO ESTRUTURANTE EM PESSOA ORTÓNIMO - I




Na poética de Fernando Pessoa ortónimo, o elemento estruturante, explícita ou implicitamente, é o pensar, a razão. Assim, o sentir é invariavelmente desprezado e a forma legítima de representar os estados de alma é através da inteligência discursiva.



Foi no início da década de 30 do século XX que, na revista Presença, Pessoa ortónimo expôs a sua doutrina poética (os princípios fundamentais que guiavam a sua obra lírica). Esta, como é possível concluir em Isto, era fortemente marcada pelo anti-sentimentalismo típico do Modernismo (“Não uso o coração”; “Livre do meu enleio”).



O poeta mostra o seu desprezo pela tradição romântica, que valorizava o sentimento, ainda não totalmente extinta no seu tempo (“Sentir? Sinta quem lê!” in Isto).

Apesar deste distanciamento e desta atitude elitista em relação aos que utilizam o coração, em Autopsicografia, Pessoa admite utilizar o sentimento como ponto de partida para a criação poética (“Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente”). Novamente em Isto, é através da razão que o poeta cria uma nova realidade totalmente imaginada e que considera mais perfeita do que a realidade onde vive (“Essa coisa é que é linda”), reforçando a preferência do pensar em detrimento do sentir.

Fernando Pessoa também utiliza o pensamento na sua incessante procura da diferença entre o sonho e a realidade. Em Não sei se é sonho se realidade, o sonho é privilegiado e começa por ser considerado o lugar onde se encontra a felicidade. Mas como o pensamento destrói o sonho (“Mas já sonhada se desvirtua/Só de pensá-la cansou pensar”) e, para Fernando Pessoa, pensar é inevitável, conclui-se que apenas conseguimos encontrar a felicidade dentro de nós mesmos, através da reflexão (“É em nós que é tudo”).

O pensar tem efeitos negativos, levando à dor e ao sofrimento. Em Ela canta, pobre ceifeira, o poeta apresenta-nos o quadro de uma mulher simples e ingénua, que vive feliz porque não exerce o pensar (“Ah, canta, canta sem razão!”). Pessoa inveja a ceifeira e deseja, tal como ela, existir sem as preocupações e a dor causadas pela ciência e pela razão (“A ciência/pesa tanto”). Originando um paradoxo, o poeta roga por ser capaz de não pensar e de ter a consciência da felicidade que isso lhe traz. Esta utopia acentua o sentimento de dor e conduz à dissolução do eu.

A solução para a dor provocada seria, então, fazer cessar o pensamento. Fernando Pessoa recorre à viagem como forma de não pensar (“Tornai/Minha alma a vossa sombra leve!/Depois, levando-me, passai!”), porque considera que a pluralidade de estímulos recebidos ao viajar nos permite deixar de ser nós mesmos e esquecer a dor experimentada.

Concluímos, assim, que Fernando Pessoa é influenciado pela rebeldia modernista que se reflete na defesa incondicional da razão em todos os seus planos programáticos. A permanente tentativa de conciliar o pensamento com a ignorância tem consequências como a melancolia e o tédio podendo apenas a viagem e eufonia dos versos salvar-nos da agonia da vida.
              Autoria: Madalena Marques da Silva - 12º F. Prof. João Morais

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