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Blog ou Blogue, na grafia portuguesa, é uma abreviatura de Weblog. Estes sítios permitem a publicação e a constante atualização de artigos ou "posts", que são, em geral, organizados através de etiquetas (temas) e de forma cronológica inversa.


A possibilidade de os leitores e autores deixarem comentários, de forma sequencial e interativa, corresponde à natureza essencial dos blogues
e por isso, o elemento central do presente projeto da Biblioteca Escolar (BE).


O BlogBESSS é um espaço virtual de informação e de partilha de leituras e ideias. Aberto à comunidade educativa da ESSS e a todos os que pretendam contribuir para a concretização dos objetivos da BE:

1. Promover a leitura e as literacias;

2. Apoiar o desenvolvimento curricular;

3. Valorizar a BE como elemento integrante do Projeto Educativo;

4. Abrir a BE à comunidade local.


De acordo com a sua natureza e integrando os referidos objetivos, o BlogBESSS corresponde a uma proposta de aprendizagem colaborativa e de construção coletiva do Conhecimento, incentivando ao mesmo tempo a utilização/fruição dos recursos existentes na BE.


Colabore nos Projetos "Autor do Mês..." (Para saber como colaborar deverá ler a mensagem de 20 de fevereiro de 2009) e "Leituras Soltas..."
(Leia a mensagem de 10 de abril de 2009).


Não se esqueça, ainda, de ler as regras de utilização do
BlogBESSS e as indicações de "Como Comentar.." nas mensagens de 10 de fevereiro de 2009.


A Biblioteca Escolar da ESSS

PS - Uma leitura interessante sobre a convergência entre as Bibliotecas e os Blogues é o texto de Moreno Albuquerque de Barros - Blogs e Bibliotecários.


segunda-feira, 22 de março de 2021

Luís de Camões - Teste e Correcção (10º Ano)

                                                           

TESTE DE PORTUGUÊS

                10.º ano E                                                Prof. João Morais     

 

 Lê o seguinte texto de Camões, que tem marcas autobiográficas.

   Eu cantei já, e agora vou chorando

   o tempo que cantei tão confiado;

   parece que no canto já passado

   se estavam minhas lágrimas criando.

 

 5 Cantei; mas se me alguém pergunta: Quando?

   Não sei; que também fui nisso enganado.

   É tão triste este meu presente estado

   que o passado, por ledo, estou julgando.

 

   Fizeram-me cantar, manhosamente (1),

10 contentamentos não, mas confianças;

  cantava, mas já era ao som dos ferros.

 

  De quem me queixarei, que tudo mente?

  Mas eu que culpa ponho às esperanças

  onde a Fortuna injusta é mais que os erros?

 (1)     manhosamente: ao engano.

 

uindo              


Construindo frases bem estruturadas e documentando as tuas afirmações com passagens do texto, responde ao questionário que segue: 
1) O sujeito lírico reflete sobre dois momentos da sua vida. Identifica-os e contrasta o seu estado de espírito em cada um deles. 
2)      Explicando o seu valor expressivo, identifica a figura de estilo que, ao nível semântico, se realiza no primeiro verso. 
3)      Relaciona o conteúdo da última estrofe com as reflexões apresentadas nas estrofes anteriores. 
4)      Apresenta a classificação formal do texto, integrando-a na produção lírica camoniana.

Cotações: 4 x 50 pontos (30+20)

                                                                   11 de março de 2021

                                  

  CORRECÇÃO DO TESTE DE PORTUGUÊS 

Tenere lupum auribus.

1.                  Neste soneto é bem claro o contraste – mais aparente do que efetivo – entre dois tempos: o passado e o presente.

            Assim, ao contrário do presente, tempo no qual o poeta experimenta uma saudade, uma tristeza e uma revolta profundas (“ao som dos ferros”), o passado é apresentado como um tempo não muito feliz, mas, comparado com o presente, parece um tempo de felicidade (“É tão triste este meu presente estado/ que o passado por ledo estou julgando”), daí o “eu” lírico afirmar “Eu cantei já”: o sujeito poético cantou cheio de esperanças no futuro («confianças»). No presente, porém, tem consciência de que qualquer esperança de felicidade é em vão.

            No entanto, essa aparente felicidade do passado, analisada à distância do presente, o que lhe confere objetividade, não é mais que um engano (“Cantei, mas se alguém pergunta quando: / Não sei, que também fui nisso enganado”), pois percebe agora que os seus sonhos foram apenas ilusões.

2.                  No primeiro verso, “Eu cantei já, e agora vou chorando”, encontramos, ao nível semântico, uma antítese. Esta figura de estilo permite fazer contrastar o passado e o presente na vida do sujeito poético – o passado, tempo de esperanças, de ilusões; o presente, tempo de provações e de infelicidade (“ferros”) –exprimindo, assim, a dimensão muito acentuada do estado de alma do sujeito lírico, que é de uma saudade de um tempo irrecuperável, mesmo que ele tenha sido só aparentemente de felicidade.        

            Esta oposição entre um passado eufórico e um presente disfórico perpassa a poética de Camões, cuja tónica na perda e na desilusão se estende ao indivíduo e ao mundo («De quem me queixarei, que tudo mente?»).

3)         Na última estrofe, o sujeito poético interroga-se e culpabiliza o mundo (v. 12) e o destino enquanto entidade decisiva e mais responsável pelo seu infortúnio e pela mudança que a sua vida sofreu. Esse infortúnio já era sentido pelo poeta no passado (“cantava, mas já era ao som dos ferros.”), mas torna-se mais intenso no presente (“É tão triste este meu presente estado”).

            Deste modo, o sujeito poético reforça, neste último terceto, que não é responsável pelo seu sofrimento, sendo vítima duma Fortuna inclemente e inexorável: “a Fortuna injusta é mais que os erros”.

Surge, assim, a confirmação no final da composição de que as esperanças do passado viriam a ser frustradas (“Mas eu que culpa ponho às esperanças”) e de que a tristeza e a revolta do presente têm uma justificação: o destino deletério (“a Fortuna injusta é mais que os erros”) que institui o percurso trágico do sujeito lírico.

4)         Este texto é um soneto, composição clássica constituída por um total de catorze versos dispostos em duas quadras seguidas de dois tercetos. O esquema rimático é abba, abba nas quadras e cde, cde nos tercetos, sendo, portanto, a rima interpolada e emparelhada nas quadras, e cruzada nos tercetos. Quanto à métrica, os versos são decassilábicos heroicos: acentos na sexta e décima sílabas métricas («Fizeram-me cantar, manhosamente),»).

            Deste modo, esta composição poética pertence à medida nova, que reúne os tipos de métrica do dolce still nuovo importados de Itália para Portugal no século XVI, dos quais se destaca o verso decassilábico.

Assim, em contraste com formas poéticas tradicionais em medida velha como o vilancete em redondilha maior ou em redondilha menor, a medida nova está associada às formas poéticas de origem italiana e renascentista, entre as quais o soneto, considerado um modelo lírico ideal no Renascimento, que Camões cultivou com mestria e virtuosismo.

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