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Blog ou Blogue, na grafia portuguesa, é uma abreviatura de Weblog. Estes sítios permitem a publicação e a constante atualização de artigos ou "posts", que são, em geral, organizados através de etiquetas (temas) e de forma cronológica inversa.


A possibilidade de os leitores e autores deixarem comentários, de forma sequencial e interativa, corresponde à natureza essencial dos blogues
e por isso, o elemento central do presente projeto da Biblioteca Escolar (BE).


O BlogBESSS é um espaço virtual de informação e de partilha de leituras e ideias. Aberto à comunidade educativa da ESSS e a todos os que pretendam contribuir para a concretização dos objetivos da BE:

1. Promover a leitura e as literacias;

2. Apoiar o desenvolvimento curricular;

3. Valorizar a BE como elemento integrante do Projeto Educativo;

4. Abrir a BE à comunidade local.


De acordo com a sua natureza e integrando os referidos objetivos, o BlogBESSS corresponde a uma proposta de aprendizagem colaborativa e de construção coletiva do Conhecimento, incentivando ao mesmo tempo a utilização/fruição dos recursos existentes na BE.


Colabore nos Projetos "Autor do Mês..." (Para saber como colaborar deverá ler a mensagem de 20 de fevereiro de 2009) e "Leituras Soltas..."
(Leia a mensagem de 10 de abril de 2009).


Não se esqueça, ainda, de ler as regras de utilização do
BlogBESSS e as indicações de "Como Comentar.." nas mensagens de 10 de fevereiro de 2009.


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PS - Uma leitura interessante sobre a convergência entre as Bibliotecas e os Blogues é o texto de Moreno Albuquerque de Barros - Blogs e Bibliotecários.


terça-feira, 23 de março de 2021

Os Maias - Teste e Correção (11º Ano)

TESTE DE PORTUGUÊS

11º ano E

Ano letivo 2020/21 

16 de março de 2021 

  Prof. João Morais

Lê, com atenção, o seguinte excerto d’ Os Maias.

1

 

 

 

5

 

 

 

10

 

 

 

15

 

 

 

20

 

 

 


          No Verão, Pedro partiu para Sintra; Afonso soube que os Monfortes tinham lá alugado uma casa. Dias depois o Vilaça apareceu em Benfica, muito preocupado: na véspera Pedro visitara-o no cartório, pedira-lhe informações sobre as suas propriedades, sobre o meio de levantar dinheiro. Ele lá lhe dissera que em Setembro, chegando à sua maioridade, tinha a legítima da mamã...

          - Mas não gostei disto, meu senhor, não gostei disto...

          - E porquê, Vilaça? O rapaz quererá dinheiro, quererá dar presentes à criatura… O amor é um luxo caro, Vilaça.

          - Deus queira que seja isso, meu senhor, Deus o ouça!

          E aquela confiança tão nobre de Afonso da Maia no orgulho patrício, nos brios de raça de seu filho, chegava a tranquilizar Vilaça.

          Daí a dias, Afonso da Maia viu enfim Maria Monforte. Tinha jantado na quinta do Sequeira ao pé de Queluz, e tomavam ambos o seu café no mirante, quando entrou pelo caminho estreito que seguia o muro a caleche azul com os cavalos cobertos de redes. Maria, abrigada sob uma sombrinha escarlate, trazia um vestido cor de rosa cuja roda, toda em folhos, quase cobria os joelhos de Pedro, sentado ao seu lado: as fitas de seu chapéu, apertadas num grande laço que lhe enchia o peito, eram também cor de rosa: e a sua face grave e pura como um mármore grego, aparecia realmente adorável, iluminada pelos olhos de um azul sombrio, entre aqueles tons rosados. No assento defronte, quase todo tomado por cartões de modista, encolhia-se o Monforte, de grande chapéu panamá, calça de ganga, o mantelete da filha no braço, o guardassol entre os joelhos. Iam calados, não viram o mirante; e, no caminho verde e fresco, a caleche passou com balanços lentos, sob os ramos que roçavam a sombrinha de Maria. O Sequeira ficara com a chávena de café junto aos lábios, de olho esgazeado, murmurando:

          - Caramba! É bonita!

          Afonso não respondeu: olhava cabisbaixo aquela sombrinha escarlate que agora se inclinava sobre Pedro, quase o escondia, parecia envolvê-lo todo - como uma larga mancha de sangue alastrando a caleche sob o verde triste das ramas.

 Construindo frases bem estruturadas e documentando as tuas afirmações com passagens do texto, responde ao questionário que segue.

1. Compara os estados de espírito de Afonso da Maia antes e depois de ter visto Maria Monforte.

2. Menciona dois dos indícios que apontam para o desenlace trágico da intriga secundária.

3. Insere o excerto na ação da obra. Justifica a tua resposta.

4. Identificando a figura de estilo que lhe corresponde, analisa o emprego do segundo adjetivo presente na frase abaixo transcrita, comentando a sua expressividade.

  “[...] sob o verde triste das ramas.” (linha 21)

 Cotações: 4 x 25 pontos (30+20)

 

Cenários de resposta do teste de Português 

Grupo I

 

1.                      Afonso da Maia, antes de ver Maria Monforte, encontra-se tranquilo e confiante das decisões do filho. Acredita que estes são apenas amantes e que Pedro não seria capaz de querer mais do que um namoro passageiro com a filha de um negreiro, desdenhando, por isso, essa relação (“E aquela confiança tão nobre de Afonso da Maia no orgulho patrício, nos brios de raça de seu filho [...]”).

Mais tarde, porém, quando, «cabisbaixo», vê o filho acompanhado de Maria Monforte, cujo vestido o cobre parcialmente e cuja sombrinha «escarlate» o envolve, intui um desenlace trágico para o filho, daí a sua desaprovação se refletir no seu estado de espírito, agora, de tristeza e pessimismo (“Afonso não respondeu: olhava cabisbaixo [...]”).

Afonso da Maia, longe agora de menosprezar uma relação efémera e de prazer do seu filho, tomado pelos seus princípios morais e de pruridos de família, teme os efeitos deletérios que Maria Monforte, a «negreira», poderá exercer sobre o seu filho, Pedro da Maia.

 2.   O desenlace trágico de Pedro da Maia é-nos, várias vezes, anunciado através de prolepses. No final deste excerto, a sombrinha de Maria é comparada a uma mancha de sangue, sinal de morte, que se inclina sobre Pedro - Maria Monforte será a causadora do acontecimento que vai levar ao suicídio do mesmo -, sendo, então, este um indício do mal que ela produzirá em Pedro (“[...] aquela sombrinha escarlate que agora se inclinava sobre Pedro, quase o escondia, parecia envolvê-lo todo - como uma larga mancha de sangue [...]”).

Para além disto, os seus “olhos de um azul sombrio” sugerem igualmente a negrura (a sombra) de um destino que vitimará o seu filho, sendo o preto símbolo de morte que não se reabilitará.

 3.    Este excerto, ao nível da estrutura externa, pertencente ao final do capítulo I, localiza-se, ao nível da estrutura interna,  na intriga secundária da história da família dos Maias, que é relativa à vida de Pedro da Maia, quando o seu pai vê Maria Monforte pela primeira vez (“Daí a dias, Afonso da Maia viu enfim Maria Monforte.”). Situa-se, do ponto de vista cronológico, antes de Pedro anunciar a Afonso que pretende casar com ela, casamento esse que culminará na fuga dela com o amante italiano e no suicídio dele.

Este plano da ação relaciona-se com o título da obra, Os Maias, que se prende com a história da família, em paralelo com a crónica de costumes, relacionada com o subtítulo: Episódios da Vida Romântica.

4. Apesar de a presente obra denunciar insistentemente os excessos da época literária do Romantismo, não deixa de participar no estilo que Garrett inaugurou, sendo uma das suas características a natureza estado da alma.

O verde das ramas adquire o traço da tristeza visto que este é o sentimento momentâneo de Afonso da Maia ao testemunhar a relação de Pedro com Maria Monforte, que, segundo ele, vitimará o seu filho. Assim, o estado de alma da personagem acabará por se expandir e contaminar a natureza, que, assim, se apresenta “triste”. A expansão do estado de alma de Afonso para a natureza envolvente conota a intensidade e força deletéria do sentimento da personagem.

Trata-se, assim, de uma hipálage pela relação de transferência dum sentimento duma personagem, Afonso da Maia, para outro referente que com ela está relacionada, conferindo ênfase a esse sentimento resultante da intuição do desenlace trágico que envolve Pedro da Maia.

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