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Blog ou Blogue, na grafia portuguesa, é uma abreviatura de Weblog. Estes sítios permitem a publicação e a constante atualização de artigos ou "posts", que são, em geral, organizados através de etiquetas (temas) e de forma cronológica inversa.


A possibilidade de os leitores e autores deixarem comentários, de forma sequencial e interativa, corresponde à natureza essencial dos blogues
e por isso, o elemento central do presente projeto da Biblioteca Escolar (BE).


O BlogBESSS é um espaço virtual de informação e de partilha de leituras e ideias. Aberto à comunidade educativa da ESSS e a todos os que pretendam contribuir para a concretização dos objetivos da BE:

1. Promover a leitura e as literacias;

2. Apoiar o desenvolvimento curricular;

3. Valorizar a BE como elemento integrante do Projeto Educativo;

4. Abrir a BE à comunidade local.


De acordo com a sua natureza e integrando os referidos objetivos, o BlogBESSS corresponde a uma proposta de aprendizagem colaborativa e de construção coletiva do Conhecimento, incentivando ao mesmo tempo a utilização/fruição dos recursos existentes na BE.


Colabore nos Projetos "Autor do Mês..." (Para saber como colaborar deverá ler a mensagem de 20 de fevereiro de 2009) e "Leituras Soltas..."
(Leia a mensagem de 10 de abril de 2009).


Não se esqueça, ainda, de ler as regras de utilização do
BlogBESSS e as indicações de "Como Comentar.." nas mensagens de 10 de fevereiro de 2009.


A Biblioteca Escolar da ESSS

PS - Uma leitura interessante sobre a convergência entre as Bibliotecas e os Blogues é o texto de Moreno Albuquerque de Barros - Blogs e Bibliotecários.


terça-feira, 20 de novembro de 2018

Ricardo Reis, o poeta clássico

Correção do grupo III do teste do 12º B

Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa, cultiva um neoclassicismo neopagão, recorrendo à mitologia greco-latina, e considera a vida como um tempo efémero, sendo, assim, a morte iminente. 

Influenciado pela sua formação helénica e latina, Reis escreve odes inspiradas na doutrina epicurista de Horácio. As suas odes apresentam um estilo rigoroso e denso, com a preocupação de traduzir a ideia numa expressão perfeita. Através do uso desta estrutura poética, Reis procura a exaltação da vida, tempo do efémero (“No mesmo hausto/ Em que vivemos, morremos.” – vv.6-7 do poema Uns, com os olhos postos no passado). 

Nos seus poemas, recorre frequentemente a construções eruditas e latinizantes. A sintaxe clássica latina, com a inversão da ordem lógica das palavras através do uso da anástrofe (“Um sopro arrefecido” é o sujeito da frase deslocado para o final da estrofe em Solene passa sobre a fértil terra), favorece o ritmo das suas ideias disciplinadas. Para além disso, a vinculação do estilo culto de Reis é conseguida pela utilização de vocábulos muito eruditos, como óbolo (“E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,” – v.29 do poema Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio), aspeto que concorre para conferir latinidade à poesia. 

Ricardo Reis cultiva a mitologia greco-latina e a crença nos deuses antigos, enquanto força disciplinadora das nossas emoções e sentimentos. Este poeta clássico considera os deuses como um modelo de comportamento, o exemplo a seguir por todos os homens, pela razão de que não se questionam, “não se pensam”, aceitando a ordem do mundo. Os deuses não são mais do que seres mais perfeitos ou aperfeiçoados. O classicismo deste heterónimo encontra-se presente não só nas referências mitológicas (“ […] barqueiro sombrio” – refere-se a Caronte – v.29 do poema Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio), mas também nos temas que têm a ver com a cultura clássica latina: a efemeridade da vida e a iminência da morte. 

Deste modo, Reis é o heterónimo que projeta Pessoa para a Antiguidade Clássica. É o poeta que, à semelhança de Horácio, na Roma Antiga, se refugia na aparente felicidade pagã que lhe vela e esbate o desespero. A filosofia de vida de Ricardo Reis, inspirada no epicurismo, defende o prazer do momento, o carpe diem (“ […] Colhe/ O dia, porque és ele” – vv.7-8 do poema Uns, com os olhos postos no passado) como caminho da felicidade, mas sem ceder aos impulsos dos instintos. 

Apesar deste prazer que procura e da felicidade que deseja alcançar, Reis considera que nunca se consegue a verdadeira calma e tranquilidade, isto é, a ataraxia. Sente que tem de viver em conformidade com as leis do destino, indiferente a qualquer prazer dinâmico (“Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,” – v.13 do poema Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio), numa verdadeira ilusão de felicidade, conseguida pela renúncia e pela disciplina estoicas. Considera, portanto, que a verdadeira sabedoria de vida é viver de forma equilibrada e serena, “sem desassossegos grandes”. 

Assim, advogando o carpe diem, o prazer natural mas controlado, sem paixões violentas, tem plena consciência da brevidade de tudo, da passagem do tempo, da fragilidade da nossa condição e da inevitabilidade da morte. Por isso, considera importante saber viver os pequenos prazeres de forma desapegada, com equilíbrio e serenidade (“Grande e nobre é sempre/ Viver simplesmente.” – vv.12-13 do poema Segue o teu destino). 

Em suma, Reis é clássico no estilo, no rigor, no estoicismo, na adoção do paganismo, na crença nos deuses da mitologia clássica, no exercício da razão. Aceitar o mundo, a vida e aquilo que somos é para este heterónimo de Fernando Pessoa o único caminho para atingir a felicidade.

    Autora: Maria Inês Vidal, 12ºB
    Prof. João Morais

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